Já faz algum tempo que queria
escrever essa carta, mas não tinha forças ainda. E nem sei bem o que vai sair
nessas linhas, mas enfim... aqui está ela. A carta que nunca chegou.
A gente começou de uma forma
muito intensa e muito diferente do que eu estava acostumado. Uma festa que não
tinha muito a ver comigo, uma noite completamente aleatória, um final de noite
completamente novo e sem parâmetros. E me vi novamente em seus braços. E gostei
de estar lá. Até que, pouco tempo se passou, e já estávamos passando por
situações extremas, de choro, brigas, discussões, desentendimentos. Você sempre
muito estourado, quase perdido em seus pensamentos e descontroles. Foram tantas
palavras ditas nesses dias. Tantas feridas abertas. Tantas dores. E eu nem sei
bem como nem por que, mas me vi engolindo coisas que pensei jamais ter de
engolir e escolhi seguir em frente com você. Passar por cima do orgulho, das
feridas, das dores e seguir adiante com você. E mais uma vez voltávamos pras
discussões, pro infantil, pros desentendimentos, pros estouros. Tantas vezes
pensei em terminar. Tantas vezes tentei terminar. E todas as vezes você dava um
jeito de contornar o problema e me fazer cair nas suas palavras, nas suas
lágrimas, nos seus pedidos de desculpa. E lá íamos nós tentar de novo. Mesmo com
todos os meus amigos sendo contra, me aconselhando a te deixar, me apontando as
coisas “estranhas” e as que pareciam erradas demais. E mesmo assim eu ainda
queria tentar. Ainda queria estar com você.
Até que em um certo
desentendimento você ameaçou se matar. Deus, como eu sofri aquele dia. Todas as
agonias pelas quais eu já tinha passado outras 2 ou 3 vezes comigo mesmo
estavam de volta com força total. Chorei, apertei o coração, abandonei minhas
obrigações, corri até você, te encontrei. Choramos, conversamos, você se
acalmou. Coisas estranhas aconteceram ainda neste dia. Coisas que não se
encaixavam. E eu descobri que era mentira. A dor que você sentia e a confusão
em que você estava te fizeram fingir uma ameaça de suicídio. Não havia remédio.
Você não tinha tomado nada. E fingiu reações que não combinavam com o remédio
que disse ter tomado. E me fez reviver todo o meu inferno. Mas então 1 semana
se passou e você voltou e prometeu mudar. E nós voltamos. E você realmente
mudou. Então estava tudo bem. E lá vai eu de novo passar por outros momentos de
humilhação. De lágrimas. De dores. (Você não faz idéia do quanto eu me senti um
lixo aquele dia no cinema. Do quanto eu queria sumir. Do quanto estava doendo.)
Veio a festa que você tanto
esperava. Carnaval. E eu ia conhecer seus amigos. E no meio de tanta coisa boa,
de tanta felicidade, de tantos momentos preciosos eu descubro uma outra face
sua. Uma mensagem estranha. Uma conversa fora do lugar. Você me explicou. Eu tentei
acreditar. Até que o que eu imaginava se confirmou. 4 meses juntos. 4 meses de
conversa com outros tantos homens. Com outros tantos rostos e corpos no
celular. Mensagens trocadas inclusive no dia que renovamos nosso pedido de
namoro. Como você foi capaz de passar por cima de tanta coisa, de tantas
palavras e promessas? Como conseguiu ser tantos personagens ao mesmo tempo? E
mesmo no final de tudo, mesmo depois de tanto choro, de tanto drama, de tantos
pedidos, de tantas coisas turbulentas, no meio de todos os seus pedidos de
perdão e pedidos para voltarmos e tentarmos de novo, mesmo no meio disso tudo
você ainda foi capaz de trocar novas mensagens. NO DIA EM QUE ME PROMETEU NUNCA
MAIS FAZER AQUILO. Eu não sabia mais no que eu via na minha frente. Simplesmente
não era a pessoa que ousei querer amar (e que em muitos momentos eu amei). E menos
de 5 horas depois de termos, enfim, terminado, estava você trocando mais
mensagens, beijando outras bocas, como se eu jamais estivesse passado pela sua
vida. Como se poucas horas atrás você não tivesse me implorado pra tentar de
novo, me pedindo perdão e se dizendo arrependido.
Isso me quebrou inteiro. Cada
pequeno pedaço que eu já tinha conseguido juntar se esfarelou. Meus joelhos
cederam. As lágrimas voltaram. E fui pro fundo do buraco escuro de novo. O
vazio que me inundava a tanto tempo voltou a inundar. E eu no meio daquele
turbilhão. Sozinho. Em pedaços. E no meio disso tudo eu pude perceber que você
não estava só perdido. Você queria estar perdido. Você quis deixar o buraco
negro que se instaurou dentro de você abrir sua boca infinita e sugar para si
tudo que houvesse ao redor. Você se deixou perder no que era confusão, no que
era falha de caráter, no que era festa da mídia. Você começou a gostar de se
espelhar em coisas vazias, em mensagens estranhas, em músicas rasas. E se
tornou isso. Essa grande massa confusa de nada, onde palavras não fazem
sentido, onde promessas não valem nada, onde caráter não dita regras, onde
histórias não valem a pena.
Eu ainda não sei como dimensionar o que eu sinto por você. De um lado eu sinto que deveria ter raiva de você. do outro sinto que deveria ter nojo. Do outro ainda sinto um carinho IMENSO pela pessoa que eu conheci em alguns momentos. Em muitos momentos sinto saudade, sinto falta, te vejo comigo. Em outro lado eu sinto pena pelo quanto você se perdeu. E no meio disso tudo sinto decepção, quase que grudando todos os sentimentos. E me perco cada vez mais nessa tempestade de sentimentos tão confusos e quase antagônicos. O que me resta é tentar terminar de digerir essas coisas e seguir em frente. Eu só estava ali. Poderia ser qualquer um. Só que
infelizmente era eu.
Arthur, me vi escrevendo essas linhas.
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