Ao descobrir o amor tudo muda. O passado mudo, as pessoas mudam,
os outros “amores” mudam, você muda. Parece que tudo se torna novo e ainda mais
intenso. Você redescobre a felicidade das conversas bobas e nas conversas
sérias. Redescobre a paz que existe em mãos dadas num sofá no sábado à noite.
Nos beijos roubados pelo corredor e nos abraços cheios de saudade. Parece
clichê, mas o amor é clichê.
Quando se descobre o amor tudo o que já se viveu parece
receber outro significado e ter outros sabores, outras sensações nas memórias,
novas descobertas sobre algo já vivido. Parece que se abre uma cortina e você
consegue ver as coisas de forma mais clara nos labirintos de lembranças e
começa a perceber aquilo que ainda não fora percebido e dá ainda mais
importância para as coisas importantes.
Poder viver no amor parece um sonho revivido a cada dia, a
cada encontro, a cada conversa e a cada olhar. O coração pulsa mais forte, o
corpo parece querer se tornar íntimo mais depressa do corpo do outro, os lábios
parecem se encaixar perfeitamente, como se cada parte de si fosse feita para
pertencer àqueles momentos e àquele outro corpo. Tudo se encaixa. Tudo se
completa.
E você percebe o amor em uma taça de vinho na varanda, em
uma conversa sobre assuntos infantis e sobre assuntos adultos, sobre a vida e
sobre filmes, sobre psicologia, sociologia, marketing, vendas, gerenciamento de
pessoas, carreira, política, sonhos, desenhos, besteiras, simplicidades do dia
a dia, conversas. Percebe o amor num pote de azeitonas e num pacote de uvas passas.
Em maratonas de filmes de terror, de desenhos confusos, de risadas sem fim.
Percebe o amor em mãos dadas dentro de casa, em beijos no pescoço, em abraços
na cozinha, em selinhos eternos no dia inteiro. Percebe o amor num almoço
simples, numa mesa de bar, na cerveja dividida, na música de fundo e no quanto
você se perde ao se perder dentro dos olhos dele. Olhos que você faz questão de
afogar na sua imensidão e querer olhar cada vez mais.
O amor se revela no sorrir que se dá ao ver o sorriso dele.
Aquele sorriso que faz seu coração derreter, suas pernas virarem gelatina, sua
postura se perder e todas as borboletas do seu estômago despertarem. O sorriso
que faz seu dia terrível e cansativo ter valido a pena e que diz “você é bem
vindo”. Ah, esse sorriso. Que te faz perder a hora, que te faz perder o rumo,
que te faz perder o sono e que te faz querer se perder nele.
E o amor ainda parece querer se revelar em coisas mais
simples que parecem passar despercebidas. Mas o amor se faz presente e torna
aquilo ainda mais especial. Como em um beijo de bom dia, uma mensagem de
saudade, um pão de padaria sobre a mesa. Ou mesmo um passeio no supermercado,
omeletes que não deram tão certo, um hambúrguer à noite, um cadarço branco, um
terno marrom e uma companhia.
É uma verdadeira dádiva poder viver o amor. A cada dia. A
cada hora. A cada minuto. E é preciso querer viver no amor e perceber as
pequenas dicas dele, as horas que ele se faz presente e a agradecer por ter
tido a honra, a sorte e a delícia de ter conseguido descobrir o amor. Redescobrir
no amor. Se conhecer no amor.