O lugar era branco. Disso ele
tinha certeza. Mas não era, de longe, familiar. Sabia que era branco e que
fazia um frio agradável. E que ventava. Sim, havia um vento morno e carinhoso
que percorria alegremente o lugar que não era um lugar. Sinos. Havia sinos
também. Ou guizos, era difícil diferenciar.
Aaron estava esquecido naquele
imensidão branca. Sentado pacientemente num banco comprido de ferro ornamentado
em voltas e curvas e formas, o menino olhava pra o espaço albino e sem fim.
Seus olhos marrons piscavam preguiçosamente. Não sabia como tinha chegado ali
nem tampouco onde era ali. Só sabia que tinha de esperar.
Os cabelos finos, despenteados,
balançavam com o vento colorido que passava ali hora ou outra. Os dedos
tamborilavam a madeira escovada do banco. As pernas balançando sem conseguir
tocar o chão. E o silêncio agradável do vazio ecoando em tudo.
Uma pena caia lentamente do
alto. A pluma branca cintilava num balé em redemoinho, descendo lentamente até
tocar o chão. E outra caia por fim. E outra. E mais uma. E a chuva de plumas
começava a descer suavemente sobre o garoto. Piscou um par de vezes. Sentiu uma
mão muito macia tocar suas costas. Virou. Um brilho.
Naquela tarde, um corpinho
congelado jazia perdido em um beco de Londres.
Eu até gostaria que a morte fosse bonita assim, não me importaria. Misterioso, singelo e fenomenal! Parabéns!
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